Gálatas 4:10,11
"Guardais dias, meses e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalho em
vão para convosco".
Se lermos este versículo
isolado e não observarmos o contexto que está envolvido neste texto teremos
problemas teológicos sérios.
Uma pessoa ávida por
refutar a Torá (lei) pode tomar este versículo facilmente como um suposto
argumento contra as Festividades da Bíblia. O que é um equívoco e um
desrespeito ao contexto do trecho. Aproveitando a oportunidade gostaria de
fazer uma observação saudável à Versão de Almeida Revista e Corrigida, que
intitula o trecho supra citado como: "O valor transitório dos ritos
judaicos".
Este título é
tendencioso e carregado de interpretações pessoais. Na verdade ele está baseado
na interpretação do versículo acima, que afirma serem as palavras de Paulo,
exortações direcionadas a judeus ou judaizantes que insistiam em guardar dias
sagrados como: o Shabat (Sábado), Páscoa, Pentecostes, Dia do Perdão,
Tabernáculos, etc.
Se lermos com cuidado
simplesmente os dois versículos que antecedem o trecho, perceberemos que não é
bem isso, o que Paulo estava dizendo, na verdade o versículo nem se quer foi
direcionado aos judeus, mas aos gentios da Galácia.
Observe: "Outrora,
porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza não o são;
mas, agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como
estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo,
quereis ainda escravizar-vos?" (v.8 e 9).
Primeiro detalhe: No
versículo 8 diz: "...outrora servíeis a deuses...".
Sabemos que desde o
retorno dos judeus da Babilônia, Israel estava completamente curado da
idolatria, o pavor dos judeus em relação a este pecado é tão intenso até em
nossos dias, que muitos deles não recebem Jesus simplesmente com medo de caírem
em idolatria. Sem dúvida, o texto se refere a gentios (não-judeus) da Galácia
(a quem é endereçada a epístola), que haviam se convertido ao Deus de Israel e
a seu Messias (Jesus) e que agora estariam voltando ao culto pagão em memória
dessas falsas divindades.
Paulo é ainda categórico
ao afirmar: “... estais voltando outra vez aos RUDIMENTOS..." (ARA).
Mais uma vez precisa-se
da ajuda dos originais, assim compreenderemos a expressão
"rudimentos" com maior precisão. O que significa esta expressão? A
palavra grega usada é o substantivo pluralizado "stoikeion"
[stoiceion] que segundo o Dicionário do Novo Testamento
Grego do professor W.C.
Taylor é: "as causas materiais do universo pyr (fogo), ydôr (água), aêr
(ar) e gê (terra)... os corpos celestes, sinais do zodíaco, etc, rudimento,
princípio elementar, ou astro ou talvez (?) espírito, demônio".
Na verdade estes
princípios de elementos da natureza, signos, elementares, espíritos cósmicos,
sempre foram princípios da antiga mitologia greco-latina e babilônica. Sem
dúvida estes crentes estavam sendo escravizados por estes elementos, por isto
Paulo encerra dizendo: "Guardais dias, e meses, e tempos, e anos" (v.
11).
Na verdade estes dias
que estavam sendo guardados pelos Gálatas não tinham nada haver com as Festas
da Torá. Eram festas pagãs em honra aos "stoikeion". Seria como se
uma pessoa advinda na bruxaria, da umbanda, ou de uma religião esotérica,
depois de convertida ao Senhor Jesus, ainda fosse atraída para as festividades
pagãs outrora celebradas em honra às respectivas divindades. Sem dúvida, isto
seria um 'trabalho vão' conforme as palavras do apóstolo do Messias.
Concluímos com isto, que
em nenhum momento Paulo neste texto está fazendo referência a afirmativa de que
"Os Ritos Judaicos são Transitórios" conforme a "ARA"
(Almeida Revista e Atualizada). Mas, sim exortando os crentes recém convertidos
do paganismo “galaciano, ou seja, os da galácia”, para que não voltem às suas
festividades demoníacas e cheias de misticismo pagão.
"De sorte não és
escravos, porém filho; e, sendo filho também herdeiro por Deus" (Gálatas.
4.7).
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