quarta-feira, 20 de março de 2019

"Deus, uma mãe que amamenta e cuida!"


Texto: Sl 131:1-3
Deus que é Espírito, se apresenta nas Escrituras tanto como Pai quanto como Mãe.
A fase do mamar é uma fase importante para a criança.
Era algo bem costume nos tempos antigos, amamentar um bebê até os seus 3 anos de idade.
O desmamar aponta para uma nova fase no desenvolvimento de cada ser humano, principalmente do judeu por exemplo.
A escolaridade começava logo depois do desmamar
Esperava-se (pelo menos no tempo da mishná) que todo menino fosse para a escola dos 3 anos aos 13 onde então o menino fazia seu bar mitsvá.
Durante 10 anos os meninos estudavam hebraico, para ler e escrever.
Isaque passou por essa fase e Abraão festejou. Gn 21:8
Isaque por sua vez foi desmamado com cerca de 5 anos.
Samuel também passou por essa fase de desmamamento com no mínimo 3 anos de idade. 1 Sm 1:22-28
Ao ser desmamado, Samuel tinha idade suficiente para ser entregue aos cuidados do sumo sacerdote Eli e para servir no tabernáculo. (1 Sm 1:24-28) Ele devia ter então no mínimo três anos de idade, pois o registro dos varões levitas começava nessa idade. (2 Cr 31:16) 
Com o desmamar, o menino iniciava a fase de aprendizagem! Is 28:9
O salmista Davi também passou por essa fase, mas em se tratando de Deus, o salmista humildemente reconhece que ainda sim depende dEle! Sl 131:2
A criança desmamada, embora não mais anseie a nutrição da mãe, ainda encontra segurança e satisfação nos braços dela.
Comparavelmente, Davi acalmava e aquietava sua alma “como uma criança recém-desmamada sobre sua mãe”, e sua alma estava ‘sobre ele como uma criança recém-desmamada’. 
Evidentemente, sua alma ficou acalmada, aquietada e satisfeita porque ele não desejava destaque, manifestava humildade, evitava a soberba e se refreava de andar em coisas grandes ou maravilhosas ou extraordinárias demais para ele.
Existe uma ligação emocional da mãe com o bebê que se desenvolve naturalmente através do ato biológico de amamentar – por causa dos hormônios calmantes que são liberados tanto na mãe quanto no bebê, e pelo fato de a mãe não poder ficar muitas horas sem amamentar (ou tirar o leite para) a criança, e, portanto, não poder ficar longe dela por mais de um dia.
A importância da amamentação para os israelitas por exemplo é expressa também pelos diversos textos que falam do desmame.
Segundo o midrash, Moisés é desmamado aos 2 anos (Êxodos Rabbah 1:31); o Talmud dá várias estimativas do período de amamentação, que variam dos 2 aos 5 anos (Ketubot 60 A); e os Apócrifos fazem referência aos 3 anos (II Macabeus 7:27).
Cerimônias de desmame são ocasiões importantes.
Abraão, em Gênesis 21:8, faz uma “grande festa” no dia em que Isaque foi desmamado e convida dignitários (Baba Metziah 87 A; Gênesis Rabbah 53: 9-10).
Ana mostra o filho Samuel (que um dia conduzirá os israelitas como profeta e juiz) para os sacerdotes no dia em que é desmamado (I Samuel 1:21-24), levando com ela para Siló “um odre de vinho, um efa de farinha” e um touro.
Desde então, cerimônias de desmame se desenrolaram com dois elementos:
1. Gratidão a Deus pela criança não ter morrido na primeira infância (uma preocupação real até pouco tempo atrás);
2. Um tipo de ritual que marcava o início da independência da criança.
No entanto, creio que ainda mais poderosa é a imagem bíblica de Deus não como “Rei” ou “Governador do Universo” ou “Senhor”; mas “Deus, como a mãe que amamenta”.
Nos escritos judaicos pós-bíblicos, esse Deus é suprimido; na Bíblia por sua vez, faz várias aparições, mas ainda parece passar desapercebida pelos leitores.
Na visão escatológica de Isaías, os seios de Deus (linguagem figurada) viram uma fonte infinita de consolo, e, realmente, um dos nomes bíblicos de Deus mais conhecidos, Shaddai, é linguisticamente derivado da raiz semítica e acadiana que significa “montanhas”, que evolui para significar “seios”.
El Shaddai, o Deus de seios.
A palavra judaica shad significa “seio”.
“Shaddai” (o nome de Deus escrito nas mezuzot, no tefilim dos judeus e em vários textos judaicos) evoca a imagem de Deus com seios ou de Deus amamentando, e pode ser traduzida literalmente não como “Senhor, nosso Deus” ou “Deus, minha Salvação”, mas como “Deus de Seios” ou “Deus que Amamenta”.
Isaías 66:10-13 me emociona com a imagem de Jerusalém e de Deus como uma Mãe terrena que amamenta com leite materno e consola: “Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteiam; para que mameis, e vos farteis dos seios das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com a abundância da sua glória. Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória dos gentios como um riacho que transborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão. Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei".
Por todo o livro de Gênesis, o nome Shaddai está ligado também às bênçãos da fertilidade.
Por exemplo, quando Jacó abençoa seu filho José, ele diz: “Shaddai te abençoará com bênçãos dos altos céus, como bênçãos dos abismos que estão lá embaixo, com bênçãos dos seios e da madre”. (Gênesis 49:25)
A imagem de Deus como uma mãe que amamenta e cuida não é coisa absurda e sim presente nas Escrituras.
Realmente, a fome, o frio, o desconforto e a ameaça de uma solidão infinita se instalam pelo menos até que A Toda-Poderosa apareça e instantaneamente ofereça comida e abrigo, calor e amor, e uma habilidade aparente de ler sua mente e descobrir suas mais profundas necessidades e desejos.
seios = hb. shadayim.
Textos religiosos que validam – e não suprimem – a imagem poderosa de Deus como uma mãe que amamenta, precisam ser divulgados para que a congregação possa começar a enxergar a amamentação como algo sagrado e milagroso.
Gênesis Rabbah, 53:9, por exemplo, diz: “Nossa mãe Sara era extremamente modesta, por isso nosso pai Abraão teve de dizer a ela: ‘Não é tempo de modéstia. Para santificar o nome de Deus, descubra seu seio, para que todos possam conhecer os milagres que o Santo começou a fazer’. Sara descobriu o seio, e seus mamilos jorraram leite como jatos de água!”.
As mães que estão amamentando entenderão a modéstia de Sara como sua; os pais terão precedentes religiosos para apoiar suas esposas: Abraão argumenta claramente nessa passagem que, na amamentação, a santidade e a ligação com o divino se sobrepõem à modéstia.
Por outro lado veja o que diz: Hb 5:11-14

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