sexta-feira, 8 de março de 2019

“A Ceia Do Senhor No Contexto Original”


“A Ceia Do Senhor No Contexto Original”

Texto: Lucas 22:14-20 diz: Quando chegou o momento, Jesus e os seus discípulos se reclinaram à mesa. Então, Ele lhes revelou: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da hora do meu sofrimento! Pois vos afirmo que não a comerei novamente até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, havendo pegado um cálice, Ele deu graças e ordenou: Tomai do cálice e partilhai entre vós; pois vos declaro que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”. E, tomando um pão, havendo dado graças, o partiu e o serviu aos discípulos, recomendando: “Isto é o meu corpo oferecido em favor de vós; fazei isto em memória de mim”. Da mesma maneira, depois de cear, pegou o cálice, explicando: “Este cálice significa a nova aliança no meu sangue, derramado em vosso benefício.”

A Ceia do Senhor é na verdade a Ceia de Páscoa ou se preferir a Ceia de Pêssach.

Se trata originalmente de um jantar em família que incluía, além de ervas amargas, 4 cálices de vinho e 3 pães ázimos muito parecido com o biscoito cream cracker.

A ceia era um jantar, uma refeição, onde deveria haver compartilhamento, mostrando comunhão, entendendo o real e profundo significado do pão e do vinho; e não agir de forma egoísta, mostrando individualismo; mas infelizmente chegou um momento na igreja em Corínto que eles se esqueceram disso; e por isso Paulo vai exortá-los de que a ceia não é uma refeição natural e que ela tem um significado especial. 1 Coríntios 11:21-34 diz: porque quando comeis, cada um toma antes de outrem a sua própria ceia; e assim um fica com fome e outro se embriaga. Não tendes porventura casas onde comer e beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo. Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou pão; e, havendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha. De modo que qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice. Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem. Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados; quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo. Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros. Se algum tiver fome, coma em casa, a fim de que não vos reunais para condenação vossa.

Por se tratar originalmente de uma Ceia de Páscoa, esta é obrigatóriamente celebrada uma vez ao ano, mais precisamente na viração do dia 14 de Nissã para o dia 15 de Nissã.

As igrejas cristãs por sua vez passaram a partir de determinado momento, celebrar a ceia mensalmente, uma vez por mês; e utilizando apenas o pão e o cálice.

Em hebraico, Páscoa se diz Pêssach [Pêssar), que significa PASSAGEM, para que o povo de Israel se lembre de quando Deus por meio do seu anjo passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, pulando suas casas, poupando seus primogênitos da morte, conforme registrado em Êxodo 12:23 diz: Porque Yahweh passará por toda a terra para matar os egípcios; e, quando vir as marcas de sangue sobre a travessa e sobre as duas colunas laterais, Ele passará adiante dessa porta e não permitirá que o Destruidor entre em vossas casas, para vos ferir de morte.

Pêssach para Israel é um memorial, algo a ser lembrado e jamais esquecido. Êxodo 12:26,27 diz: Quando vossos filhos vos indagarem: ‘Que rito é este?’ - ensinareis: ‘É o sacrifício de Pêssah, Páscoa ao SENHOR, que passou sobre as casas dos filhos de Israel no Egito e poupou nossas famílias quando matou todos os primogênitos dos egípcios!” Então, o povo prostrou-se em adoração a Deus, Yahweh.

A celebração da Páscoa e sua Ceia feita pelo povo de Israel consiste em uma festa na qual as famílias comem, bebem, conversam, recordam sua história, cantam e se alegram.

Na Ceia de Pêssach são tomados 4 cálices de vinho e que possuem significados bastante interessante: Êxodo 6:6,7a diz: Portanto diz aos filhos de Israel: Eu sou YHVH; eu VOS TIRAREI de debaixo das cargas dos egípcios, LIVRAR-VOS-EI da sua servidão, e VOS RESGATAREI com braço estendido e com grandes juízos. Eu VOS TOMAREI por meu povo...

O primeiro cálice chama-se cálice da santificação: “eu VOS TIRAREI de debaixo das cargas dos egípcios”
O segundo cálice chama-se cálice da redenção: “LIVRAR-VOS-EI da sua servidão”
O terceiro cálice chama-se da bênção: “eu VOS RESGATAREI com braço estendido e com grandes juízos”
O quarto cálice chama-se cálice da aceitação: “Eu VOS TOMAREI por meu povo”

Lucas vai mencionar claramente o segundo e o terceiro cálice, dos 4 cálices de vinho que são bebidos na Ceia de Pêssach ou de Páscoa; O que nos leva a supor que Lucas mencionou o segundo e o terceiro cálice, e não o primeiro e o segundo, ou, o terceiro e o quarto; como sabemos que foi o segundo e o terceiro?

Com a ajuda de Paulo: 1 Coríntios 10:16 diz: Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?

Jesus então pega o terceiro cálice que era já em sua época identificado como o cálice da bênção, e dá à este um significado a mais; aquele cálice não simbolizava apenas o sangue do cordeiro irracional morto no Egito, mas o cordeiro santo de Deus que morreria na cruz do Calvário!

A mesma coisa ele faz com o pão; na verdade com um dos três pães que eram comidos e são comidos na ceia de páscoa ou de pêssach (pêssar); este pão do meio é conhecido como afikomam; ele é partido, embrulhado e escondido para ser achado e então é no momento certo por todos comido, ingerido; este pão partido, escondido, e por fim volta pra mesa e é comido, passa a simbolizar ou representar o Jesus que morreu, foi sepultado, ficou escondido 3 dias e 3 noites no interior de uma sepultura esculpida em rocha bem próximo do Getsêmani, com uma pesada pedra bloqueando a única passagem que servia de entrada e saída; mas após três dias e três noites este Jesus que esteve oculto dentro de uma sepultura escura, ressurgiu d’entre os mortos e foi visto por centenas de pessoas; andou cerca de 40 dias após ter ressuscitado, e novamente ocultou-se, pois voltou para junto do Pai, mas breve, muito breve, ele virá e então todo olho o verá!

A importância de realizarmos a ceia de Páscoa que é a ceia do Senhor, e dela participarmos, entendendo que ela é um memorial duplo, tanto para Israel como também para nós que não somos judeus mas que pela fé deixamos de ser estrangeiros e nos tornamos de acordo com Paulo integrantes da família de Deus que é composta de homens e mulheres dentre judeus e dentre gentios, nós podemos ler ou ver, em: João 6:51-57 diz: Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.

É justamente no momento da ceia do Senhor que é a mesma ceia de Pêssach ou de Páscoa, que nós simbolicamente comemos a carne de JESUS e bebemos o sangue de JESUS!

Temos provas históricas que a Igreja, até meados do séc IVd.C., celebrava a Festa de Páscoa como os judeus (com pães asmos e no dia 14 de Nissan) – I Co 5:8 diz: Pelo que celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade. \ e, Cl 2:16,17 diz: Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.

Algumas obras Patrísticas também atestam a mesma coisa (Peri Pascha – Melito de Sardes – séc II d.C.). Vejamos o que escreve Polícrates, então bispo de Éfeso, sobre a celebração de Pêssach.

Ele estava argumentando contrariamente à decisão do Bispo de Roma, Papa Vitor I, sobre a imposição de mudança da data e do simbolismo da Páscoa:

“Nós observamos o dia exato, sem tirar nem por. Pois na Ásia grandes luminares também caíram no sono [morreram], (…) incluindo João, que foi tanto uma testemunha quanto um professor, que se deitou no peito do Senhor e (…)  Policarpo, que foi bispo e mártir; e Tráseas, bispo e mártir de Eumênia, que dormiu em Esmirna. Por que precisaria eu mencionar o bispo e mártir Sagaris, que se deitou em Laodicéia, ou o abençoado Papirius ou Melito (…)? Todos estes observavam o décimo-quarto dia da Páscoa judaica de acordo com o evangelho, não desviando em nenhum aspecto, mas segundo a regra de fé. E eu também, Polícrates, o menos importante de todos, faço de acordo com a tradição de meus pais (…) E meus parentes (07 outros bispos) sempre observaram o dia que as pessoas separavam o fermento (…) Pois os que são maiores que eu disseram ‘Nós devemos obedecer a Deus ao invés dos homens…‘ (…)”.  Eusébio sobre a Carta de Polícrates de Éfeso ao Papa Vitor I – História Eclesiástica – Livro V – Cap. 24

A Pascoa Judaica só foi proibida de ser celebrada no Concílio de Antioquia, em 341 d.C, e demorou quase 400 anos até que as pessoas tivessem deixado de vez esta tradição dos apóstolos.

O Cordeiro de Pêssach, ou Pascal, aponta para Cristo e este crucificado! 1 Coríntios 5:7 diz: Expurgai o fermento velho, para que sejais massa nova, assim como sois sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado. João 1:29,35,36 diz: No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos e, olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus!

Graça E Paz!

Thiago G. Sanchez

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