sexta-feira, 9 de agosto de 2019

"SERÁ MESMO QUE JESUS NÃO GUARDOU O SÁBADO OU SHABAT?!"

“JESUS NÃO GUARDOU O SHABAT!
SÉRIO MESMO???????”

Quem disse isso? Os religiosos da época de Jesus! Ah, sim, os mesmos que disseram que Jesus proibia os judeus de pagarem tributo a Cesar! Os mesmos que chamaram Jesus de pecador! Como pode haver pessoas que ainda acreditam no que tais religiosos disseram a respeito de Jesus, religiosos estes que eram mentirosos e caluniadores quanto a pessoa de Jesus, quanto a seus ensinos e suas práticas. Ou é falta de entendimento ou é pura má fé!

Jesus o Messias guardava sim o shabat e NUNCA o violou por puro desprezo ou rebeldia.

PRESCREVEM AS ESCRITURAS QUE ERA COSTUME DE JESUS GUARDAR O SHABAT:

“Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galileia, e a sua fama correu por todas as terras em derredor. E ensinava nas suas sinagogas, e por todos era louvado. E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de SHABAT [SÁBADO], segundo o SEU COSTUME, na sinagoga, e levantou-se para ler.” (Lc 4:14-16).

Por mais que isto doa os ouvidos de cristãos, mister se faz repetir as palavras do historiador Geza Vermes: “Jesus foi judeu e não cristão” (Jesus e o Mundo do Judaísmo, pg. 11).

Jesus guardava o shabat e, mesmo depois de sua morte, nunca ordenou que houvesse a alteração deste dia para o domingo.

Jesus era chamado constantemente de rabi (Mt 23:7, 26:49; Lc 10:39 etc). Rabi significa professor, mestre, título semita que mais tarde se tornou conhecido como rabino.

Então, Jesus foi um rabino, ideia compartilhada por Bultmann, ao afirmar que:

“[Jesus] vive de fato como um rabino judaico. Como tal, ocupa seu espaço de professor na sinagoga. Reúne discípulos ao redor de si. Participa de discussões acerca das questões da Lei\Torah... Ele discute com os rabinos judaicos, usa os métodos de argumentação, o mesmo estilo de discurso.” (Bultmann, Jesus and the Word, p. 49).

OBS. Jesus ensinava todos os dias e em todos os lugares, mas principalmente no shabat, nas sinagogas; Só pra deixar isso bem claro; o mesmo é válido para Paulo por exemplo que também guardava o shabat.

EIS ALGUMAS PASSAGENS QUE COMPROVAM QUE O RABINO JESUS GUARDAVA O SHABAT:

“E, partindo dali, chegou à sua pátria, e os seus discípulos o seguiram. E, chegando o SHABAT [SÁBADO], começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?” (Mc 6:1,2).

“E aconteceu também noutro SHABAT [SÁBADO], que entrou [Jesus] na sinagoga, e estava ensinando; e havia ali um homem que tinha a mão direita mirrada.” (Lc 6:6).

“E [Jesus] ensinava no shabat [sábado], numa das sinagogas.” (Lc 13:10).

Ora, se é verdade que os discípulos de Jesus estudavam as Escrituras nos shabatot (sábados), nós, que cremos em Jesus, devemos fazer o mesmo se adentramos na nova aliança e fomos introduzidos, enxertados, em Israel a boa oliveira de modo que agora não há para Deus distinção entre nós e eles: guardar com alegria o dia sagrado para mais ainda nele nos conectarmos com o Deus que amamos e fazendo o bem ao próximo como Jesus o fazia e ensinou por meio do exemplo a fazer de igual modo, deixando assim, suas pisadas para que as sigamos.

Outra questão interessante: vimos que no Tanach (Primeiras Escrituras) a violação do shabat é considerada um pecado gravíssimo. Se Jesus tivesse profanado o shabat por puro descaso, desprezo, rebeldia, então, teria pecado.

Porém, sabemos que Jesus nunca pecou (Hb 4:15), razão pela qual se chega à conclusão óbvia de que nunca transgrediu o mandamento do shabat.

De forma equivocada, alguns cristãos acham que Jesus profanou o shabat, porque realizou curas milagrosas neste dia e expulsou demônios (exemplos: Mt 12:9-14; Mc 3: 2-5; Lc 6: 6-11; Lc 13: 10-17; Lc 14: 1-6; Jo 7: 19-24).

Não existe nenhum mandamento nas Escrituras proibindo a realização de curas e a expulsão de demônios no shabat. Ou seja, de se fazer algum tipo de bem pelo próximo, em prol da vida ou da preservação, salvação e alívio de uma vida sofrida. Logo, se não há proibição, tais atividades visando o bem ao próximo são reputadas lícitas e não constituem, de maneira nenhuma, transgressão ao 4º mandamento.

Sendo assim, vamos assim dizer, tudo não passa de um mal entendido, de uma compreensão equivocada; de um exagero ou radicalismo extremo, indo além do que está escrito.

Em muitos episódios, fariseus acusavam Jesus de desrespeitar o shabat em razão das curas promovidas. Todavia, como já afirmado, não existe nada nas Escrituras proibindo a prática do bem. Pelo contrário, o ETERNO anseia que se faça o bem ao próximo, amando o próximo na prática, seja qual dia for principalmente no Shabat.

Os religiosos críticos de Jesus levantaram a seguinte questão: “É permitido curar no shabat?” (Mt 12:10). Jesus rebateu a acusação com uma pergunta retórica: “É permitido, no shabat, fazer o bem ou fazer o mal, salvar a vida ou matar?” (Mc 3:4; Lc 6:9 e Lc 14:3). Jesus quis ensinar que não é permitido praticar o mal, nem ferir nem matar no shabat ou em qualquer outro dia. Deve-se enfatizar o ato positivo: fazer o bem, ou seja, salvar a vida, em todos os dias inclusive e principalmente no Shabat.

Vale lembrar que no shabat não é permitida a realização de trabalho (Êx 20:8-11), trabalho esse lucrativo, visando benefício próprio.

Releva registrar que a tradição judaica interpreta corretamente as Escrituras no sentido de que é possível realizar trabalho no shabat para salvar vidas.

EM OUTRAS PALAVRAS, EXISTINDO CONFLITO ENTRE O DEVER DE GUARDAR O SHABAT E O DEVER DE SALVAR A VIDA, ESTE ÚLTIMO DEVE PREVALECER, CONSOANTE AFIRMA O TALMUD:

“Consideração pela vida prevalece sobre o Shabat” (Yoma 85b).

EM MEKILTA, RABI NATAN AFIRMA IGUALMENTE QUE A VIDA É SUPERIOR AO SHABAT:

“Vede o que é dito, ‘Portanto, os filhos de Israel guardarão o Shabat e o observarão de geração a geração’ (Ex 31:16) – Um Shabat pode ser profanado para que se possa guardar muitos outros shabatot (sábados)”.

Os textos selecionados de Yoma e Mekilta são relevantes para se entender o pensamento de Jesus no episódio em que seus discípulos (e não Jesus) arrancaram espigas de milho e as comeram (Lc 6:1). O argumento de Jesus (Lc 6:3-4) é de que a fome, que pode levar o homem à inanição e à morte, é reputada como perigo de vida, razão pela qual aliviar a fome é mais importante do que o shabat, tal como entenderam Davi e seus soldados famintos (1 Sm 21:1-7).

Jesus afirmou que é o “Senhor do Shabat” (Mt 12:8).

Se Jesus é o Senhor, nós somos servos do Senhor. Se o nosso Senhor obedeceu ao mandamento do shabat, nós também devemos obedecê-lo como ele obedeceu deixando o exemplo para que sigamos suas pisadas como seus imitadores. Os servos não podem ser maiores que o Senhor!!!

Outro sentido da expressão “o Filho do Homem é Senhor até mesmo do Shabat” diz respeito ao fato de que o shabat foi criado para o homem, e não o contrário.

Como já explicitado no início deste estudo, o shabat foi instituído pelo ETERNO para o benefício do ser humano, e não para ser um jugo, um fardo, um peso.

TAL PENSAMENTO ESTÁ EM CONSONÂNCIA COM A DIRETRIZ TALMÚDICA:

“O rabino Yonatan ben Yosef disse: ‘Pois ele [o Shabat] é santo para vós’ [Êxodo 31:14]. Ou seja, é posto em suas mãos, não vocês em suas mãos!” (Yoma 85b).

Sendo assim, à luz das Escrituras, somos obrigados a admitir, se formos honestos, que Jesus guardava o mandamento do shabat sim ainda que os religiosos de sua época disseram o contrário.

_Pr. Thiago G. Sanchez_

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