quarta-feira, 22 de maio de 2019

"ENTENDA O PORQUÊ QUE MARIA IRMÃ DE LÁZARO FICOU ASSENTADA EM CASA"



"ENTENDA O PORQUÊ QUE MARIA IRMÃ DE LÁZARO FICOU ASSENTADA EM CASA"

Texto: João 11:20 "Ouvindo, pois, Marta que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, FICOU ASSENTADA EM CASA."

Existem Cinco Períodos Ou Estágios do Luto:

I.        O primeiro estágio ou período é entre a morte e o enterro (aninut), quando o desespero é mais intenso.

Durante esse tempo, não apenas as amenidades sociais, como até exigências religiosas positivas, foram canceladas em reconhecimento ao estado de espírito do enlutado.

II.            O segundo estágio consiste nos primeiros três dias após o funeral, dias devotados a "choro e lamentação".

Durante esse tempo, o enlutado nem sequer responde aos cumprimentos, e permanece em sua casa (exceto sob circunstâncias especiais).

É um tempo em que se desencoraja até visitas ao enlutado, pois é cedo demais para consolar os enlutados quando a ferida ainda estão tão fresca.

III.          O terceiro é o período de shivá (que significa: 7), os sete dias seguintes ao enterro (este período mais longo inclui os primeiros três dias.)

Durante esse tempo o enlutado emerge do estado de luto intenso para um novo estado de mente, no qual está preparado para falar sobre a sua perda e a aceitar consolo de amigos e vizinhos.

O mundo agora se amplia para o enlutado.

Embora ele permaneça dentro de casa, expressando sua tristeza por meio das observâncias de avelut – sentar-se num banco baixo, usar chinelos, abster-se de arrumar-se, recitar o cadish – seus conhecidos vão à sua casa para expressar solidariedade ao seu sofrimento.

O gelo interior que vem com a morte de seu parente agora começa a derreter.

O isolamento do mundo das pessoas e o retiro para dentro de si mesmo agora de certo modo relaxam, e a normalidade começa a retornar.

IV.          O quarto estágio é o de sheloshim, os 30 dias que se seguem ao enterro (que incluem a shivá).

O enlutado é encorajado a sair de casa após a shivá e aos poucos retornar ao convívio social, sempre reconhecendo que ainda não passou tempo suficiente para assumir as relações sociais plenas.

O corte de cabelo ainda é proibido para os homens.

V.           O quinto e último estágio é o período de doze meses (que inclui o sheloshim) durante o qual as coisas retornam ao normal, e os negócios novamente se tornam rotina, porém os sentimentos do enlutado ainda estão feridos pela ruptura de seu relacionamento com um parente.

A procura de entretenimento e diversão é reduzida.

Ao final deste último estágio, o período de doze meses, não se espera que a pessoa continue com seu luto, exceto por breves momentos quando yizkor ou yahrtzeit é observado.

Na verdade, a nossa tradição reprova uma pessoa por prantear por mais tempo que este período prescrito.

Nesse processo de luto gradual, magnificamente concebido, o judaísmo ergue o enlutado da tristeza e desespero para a retomada de seu equilíbrio e retorno a sua vida normal.

As origens da shivá:

Estabelecer um tempo para a expressão da dor está indicado na Torá e é mencionado, de forma recorrente, em suas primeiras narrativas históricas.

Um exemplo é Yossef, José -

Yossef chorou 7 dias pelo seu pai Jacob, registrado em B'reshit Gênesis 50:10

Durante uma semana, os enlutados ficam em casa, abstendo-se de quaisquer atividades profissionais ou de lazer. Parentes e amigos fazem visitas de condolências à casa dos enlutados, e três vezes por dia (de manhã, à tarde e a noite) realizam-se serviços religiosos.


O enlutado, portanto, fica em casa durante todo o período de shivá. Torna-se então o dever moral da comunidade ir à porta do enlutado e confortá-lo com palavras, para dessa forma tirar o enlutado da solidão e encaixa-lo novamente na estrutura social.

A instituição da Shivá tem como finalidade dar à família forças psicológicas e espirituais para continuar depois da perda de um ente querido. O enlutado não esta só; muito pelo contrário, ele faz parte da "comunidade" dos "enlutados de Sion". É esta consciência de grupo que lhe dá conforto, que lhe permite emergir fortalecido, preparado para enfrentar as vicissitudes da vida, e pronto para reassumir suas responsabilidades perante o seu povo.

Outro exemplo é o Sumo sacerdote Aharon, Arão -

O Sumo sacerdote, Aharon, é golpeado pela morte súbita de seus dois filhos no auge de suas carreiras.

Quando Moshê pergunta por que a oferenda de sacrifício não fora comida no dia da morte deles, Aharon responde: "Coisas assim caíram sobre mim, e se eu tivesse comido a oferenda, isso teria sido agradável aos olhos do Eterno?" (Vayicrá Levítico 10:20). A explicação de Aharon é que o tempo de luto não é uma ocasião para festejar perante Hashem; é, especificamente, para expressar a dor.

Assim também, Amós refere-se a um período especial para o luto.

Ele profetiza as consequências desastrosas da injustiça e imoralidade, e declara: "E eu transformarei seus festins em luto, e todas as suas canções em lamentos; e trarei sacos de estopa sobre todas as cinturas, e calvície sobre todas as cabeças; e farei isso como se fosse o luto pelo único filho; e o fim será um dia amargo" (Amos 8:10).

O dia de chorar é yom mar: "um dia amargo".

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