quarta-feira, 29 de maio de 2019

“DEBAIXO DA GRAÇA e não DEBAIXO DA LEI! Afinal, como entender corretamente a mentalidade do judeu Paulo?”



Um dos textos mais utilizados pelos anti-torah, pelos anti-festas de Deus, pelos anti-shabat, é o texto isolado de Romanos 6:14 onde lemos: “ESTAMOS DEBAIXO DA GRAÇA E NÃO DEBAIXO DA LEI”.

Este versículo foi erroneamente interpretado pelos pais\padres da Igreja de Roma, e essa interpretação errônea vem se perpetuando no meio cristão até os dias de hoje.

Afinal, o que realmente Paulo tinha em mente quando escreveu que “ESTAMOS DEBAIXO DA GRAÇA E NÃO DEBAIXO DA LEI”?

Será que Paulo anulou a lei que Jesus não aboliu (Mt 5: 17) quando citou este versículo?

Uma coisa é entender o legalismo da lei, a outra é viver sob os princípios da lei.

Encontramos nas Escrituras os inefáveis benefícios da lei, a qual o próprio Paulo como salvo em Cristo se refere a ela chamando-a de santa, justa e boa e que nela se encontra prazer (Rm 7:12,22); Ele disse isto não só porque ele era um judeu zeloso, mas sobretudo, porque os gentios também deviam ter consciência que a lei de Deus é santa, justa, espiritual, e boa, como escrito no verso 12 da sua carta endereçada aos Romanos, igreja composta por indivíduos dentre os judeus e dentre os gentios. 

Todo indivíduo quer dentre os judeus quer dentre os gentios que decide guardar a lei de Deus, a Torah, que é santa, justa, boa, espiritual, e perfeita, com o intuito de obter ou merecer aceitação divina, justificação divina, salvação da parte de Deus,  todo aquele que obedece a lei de Deus, a Torah, com o intuito ou intenção interior de se tornar moralmente digno por meio de seus próprios esforços humanos, e não por meio da graça e da fé\confiança no Messias de Deus, cai no legalismo; o legalismo não é a simples obediência a lei de Deus, a Torah; Legalismo é a perversão do real propósito da Torah, que não é justificação por meio das obras, mas melhorar a qualidade de vida, daqueles que pela graça e por meio da confiança foram justificados, e que entendem que uma vez justificados pela graça e por meio da fé, agora devem praticar a justiça porque quem é justo pratica a justiça que significa obedecer os mandamentos de Deus em sua base e com a confiança depositada na coisa certa (na graça de Deus, na obra do Messias crucificado), na pessoa certa (em Deus o Pai, no Messias de Deus).

A Finalidade da lei\Torah são duas:

1)    A finalidade da Torah, lei, segundo Paulo é, conduzir à confiança em Deus e no Messias para só então se dá a justificação daquele que crê\confia.
2)    A finalidade da Torah, lei, segundo a Torah é, levar tal indivíduo crente em Deus e no Messias, a praticar a justiça, guardando os mandamentos de Deus, amando a Deus, e ao irmão, ao próximo

“NÃO TEMOS NENHUM COMPROMISSO COM A LEI DE DEUS”; “CRISTO NOS RESGATOU DESSA MALDIÇÃO”; ou, “A LEI É PARA JUDEUS E A GRAÇA DE DEUS É PARA OS CRENTES”; ou ainda, “O FIM DA LEI É CRISTO” no sentido que Ele terminou com a lei, etc. são conceitos mal interpretados que estão cada dia mais afastando a Igreja de Cristo do verdadeiro propósito, distanciando-a ainda mais de suas raízes bíblicas.

Em 2 Tm 3: 16,17 lemos: “TODA ESCRITURA É DIVINAMENTE INSPIRADA E PROVEITOSA PARA ENSINAR, PARA REPREENDER, PARA CORRIGIR, PARA INSTRUIR EM JUSTIÇA…”. Ora, que Escritura é esta a que Paulo se refere? Naquela época não existia ainda o que se chama de Novo Testamento. Assim, a expressão “TODA ESCRITURA” se refere obviamente ao erroneamente tachado pelo herege Marcião, de Antigo Testamento, ou seja, a Torá (o Pentateuco de Moisés), os profetas (Niviim) e os santos Escritos (Ketuvim). Este conjunto de livros é chamado de Tanach (ou Tanarr) que é um acróstico formado pela abreviação das primeiras letras das palavras Torá, Niviim e Ketuvim. Até porque quando Paulo escreveu isso não existia um conjunto de livros agrupados e chamados de novo testamento; então Paulo tinha em mente apenas os escritos de Gênesis a Malaquias.

As Escrituras em si, não se tornaram velhas, fora de uso ou obsoleta, não caducaram; O que Deus inspirou é santo, bom, justo, fiel, perfeito, espiritual, e válido para o presente tempo!

O próprio Jesus disse em Mt. 5:17 – “NÃO PENSAIS QUE VIM REVOGAR A LEI OU OS PROFETAS, NÃO VIM PARA REVOGAR, VIM PARA CUMPRIR”.

Ele não veio cumprir para livrar os crentes de cumprir; Ele veio cumprir para nos dar o exemplo como Mestre e Senhor, de modo que se ele sendo Mestre e Senhor cumpriu, porque então nós que somos servos dele não iremos cumprir; será que somos maiores do que ele, será que nós somos mais especiais do que ele?!

A graça de Deus é um atributo de Deus, é algo que Deus é em si, e que Deus manifestou desde a eternidade pelo ser humano, a partir do momento em que Deus mesmo sabendo que o ser humano não merecia ser criado porque falharia no quesito obediência no jardim do Éden, ainda sim, por pura graça Ele criou o ser humano que não merecia nem ser criado por Deus.

Por exemplo:

A graça de Deus é vista nos 120 anos que Deus deu para o povo se arrepender nos dias de Noé.

A graça de Deus é vista na salvação de Noé e sua casa por não rejeitarem a oferta de salvação pela graça e por meio da fé; enquanto todos os outros rejeitaram.

A graça de Deus é vista nos 7 dias a mais que Deus deu após os 120 anos que foi um tempo extra para que o povo se arrependesse antes do dilúvio sobrevir.

Graça não é algo exclusivo da Nova Aliança; A graça está presente antes da Nova Aliança; graça no hebraico é “chen, e Deus sempre manifestou para com a humanidade, porém, foi a humanidade que a rejeitou, e foi por isso que Deus executou seus justos juízos sobre os tais em cada tempo determinado por Ele no passado.

Não é porque o texto diz que graça e verdade vieram por meio de Cristo (João 1:17), que graça e verdade não existia e nem era conhecido antes de Cristo (Salmo 85:10).

A maior demonstração de graça da parte de Deus foi o enviar seu Filho para por meio deste reunir pessoas dentre todas as nações, a começar pelos judeus, para fazer um único povo, o povo do Eterno.

Deus sempre manifestou sua graça, porém, por meio de Cristo isso foi algo ainda mais pleno, ainda mais notório; os israelitas não mereciam ser escolhidos por Deus porque moralmente falando não eram dignos disso; mas Deus os escolheu e se não foi por merecimento em si então foi por graça! Deuteronômio 9:4-29

Os crentes em Deus e em Cristo, dentre os gentios, não devem se esquecer que em Cristo foram enxertados na Boa Oliveira que são os crentes dentre Israel, e ambos unidos formam aquilo que Paulo chama de o Israel de Deus, cujo as raízes são os patriarcas Abraão, Isaque, e Jacó; e em Cristo esse negócio de: ah, eu não sou judeu então a lei de Deus, a Torah, não é pra mim, ela é apenas para os judeus; porque em Cristo essa distinção aos olhos de Deus acaba, pois todos somos igualmente filhos de Abraão, circuncidados no coração, integrantes da nova aliança inaugurada na cruz do calvário, somos todos filhos, irmãos, e com os mesmos deveres, obedecer a lei do SENHOR, a Torah de Deus em sua base que é o amor, com confiança em Deus, em Cristo, na graça de Deus e na obra de Cristo, não para tentar se fazer digno moralmente por esforço próprio, mas por ter sido feito justo pela graça e por meio da fé, entendendo que uma vez que fomos feitos justos pela fé, agora devemos viver como justos praticando a justiça, demonstrando assim, amor, respeito, e reverência para com Deus, e assim nos mantermos salvos dia após dia.

Não estar debaixo da lei, significa que não devemos cair no erro que muitos caíram de querer buscar justificação por mérito próprio, supondo que por meio dos próprios atos de justiça é possível se tornar moralmente digno de merecer justificação, aceitação e salvação da parte de Deus, porque isso não dá certo tendo em vista que todos somos pecadores e mais cedo ou mais tarde tropeçaremos em algum ponto e aí fracassaremos infalivelmente em nos tornamos moralmente dignos, e o pecado continuará tendo domínio sobre nós.

Estar debaixo da graça não significa que não devemos obedecer a lei de Deus, a Torah, com a intenção e motivação interior correta, por termos sido justificados, aceitos, e salvos, e com o propósito de assim se conservar, pois uma vez que fomos salvos por Deus agora na condição de salvos precisamos servir e obedecer ao Deus que nos salvou, guardando os seus mandamentos e praticando-os na sua base que é o amor sincero, e demonstrado na prática por meio de ações concretas e não de meras palavras vazias e ocas que amamos a Deus e ao irmão e próximo; neste caso nós estamos debaixo da graça quando adentramos na nova aliança através da qual Deus prometeu nos transformar de dentro para fora, a fim de que o pecado deixe de exercer domínio sobre nós, o que não significa que nunca mais pecaremos, mas sim que a partir d’então não seremos mais escravos do pecado, ou seja, não mais só erraremos, não mais só pecaremos, não mais só faremos aquilo que é errado e contrário a vontade de Deus, como fazíamos anteriormente quando vivamos neste mundo sem Deus, sem Cristo, e fora da nova aliança pois ainda não a havíamos abraçado pela fé\confiança em Deus e em Cristo!

“Eu desisto de achar que não preciso da nova aliança, por supor que sozinho me liberto do poder do pecado, que sozinho me torno moralmente digno, unicamente por mérito próprio, à parte de Deus, da graça, e de Cristo; Agora vai ser apenas por meio de Deus, da graça e de Cristo; e tudo o que eu fizer não será para obter, mas sim apenas para conservar e preservar o que graciosamente pela confiança em Deus e em Cristo eu alcancei ao adentrar na nova aliança: perdão, libertação do domínio do pecado, justificação, aceitação, e salvação divina!” É isso que temos que ter em mente quando lemos o texto inicial!

Assim como a Lei, Torah, não substitui a Graça, e quem vive como se substitui-se se torna legalista, Assim também a Graça, não substitui a Lei, Torah, e quem vive como se substitui-se se torna um libertino; então o que temos que encontrar é o devido ponto de equilíbrio para não tornarmos nem legalistas e nem libertinos aos olhos de Deus.

Os crentes em Roma não poderiam sair de um extremo chamado legalismo que é o esforço próprio para se tornar moralmente digno de merecer algo por esforço próprio, e cair em outro extremo que é a libertinagem achando que agora o que antes não podia agora pode porque Jesus pagou a conta então está tudo liberado, posso relaxar, basta ficar apenas dizendo por meio de palavras vazias que eu amo a Deus e que amo ao meu irmão e próximo. Romanos 6:1,12,15,16

Não erreis:

1.    Se você desobedece a lei de Deus vivendo uma vida de libertinagem, então você é servo do pecado!

2.    Se você obedece a lei de Deus, mas de forma legalista, para se tornar moralmente digno por esforço próprio, você também se torna servo do pecado e caído da graça de Deus pois você como que diz: “Eu não preciso da graça, a graça não basta, não é suficientemente suficiente para me tornar moralmente digno!”

3.    Se você obedece a lei de Deus com a intenção e motivação interior correta então você é servo de Deus.

Do mesmo modo que nós dentre os gentios, dentre as nações: “Como varas enxertadas na boa oliveira podemos livremente participar de todas as bênçãos e promessas dadas por Deus ao povo de Israel, nós também nos tornamos participantes dos mesmos deveres; o grande problema é que queremos participar das promessas dadas para eles, mas não queremos abraçar os mesmos deveres como integrantes de um mesmo povo onde para Deus não há mais distinção entre judeu e gentio, entre judeu e não judeu, pois em Cristo somo um só povo sem distinção racial, com acessos e deveres iguais perante Deus e perante Cristo!”

Paulo diz que os gentios podem participar da mesma seiva da oliveira (Rm 11: 17)

Nós fazemos parte de Israel!

Nós fomos unidos a Israel!

De modo que temos acesso as mesmas coisas que eles!

De modo também que temos os mesmos deveres que eles!

Pois somos um só povo, somos irmãos, e Deus não nos enxerga diferentes, mas iguais, como sendo nós irmãos e filhos de Deus!

Tudo isto com um objetivo claro: tornar o homem perfeito e perfeitamente capacitado (NÃO PARA A SALVAÇÃO, PORQUE NÃO É SER SALVO POR OBRAS) para toda boa obra (PORQUE É ISSO QUE DEUS EXIGE E ESPERA DOS SALVOS NESTA TERRA; PRODUTIVIDADE, FRUTOS COMO RESULTADO DA OBEDIÊNCIA AOS MANDAMENTOS DE DEUS EM SUA BASE QUE É O AMOR E COM A MOTIVAÇÃO INTERIOR CORRETA PORQUE FOMOS JUSTIFICADOS E NÃO PORQUE QUERERMOS NOS TORNAR MORALMENTE DIGNOS DE JUSTIFICAÇÃO POIS AÍ CAIREMOS NO LEGALISMO MORTO QUE MUITOS VIVIAM NOS DIAS DE JESUS). Esse é o padrão de Deus para nossas vidas.

RESUMINDO: a lei, torah, em si, por si só, não salva, não justifica, e nem foi dada por Deus para essa finalidade por si só; a salvação e justificação, é pela graça e por meio da confiança em Deus e no Seu Ungido Jesus; mas a lei, torah, é o padrão de justiça que Deus espera e exige do todo aquele que foi justificado graciosamente e mediante a confiança nEle; pois quem é justo PRATICA (como João escreveu em sua carta) a justiça, e praticar a justiça é obedecer aos mandamentos de Deus por amor e respeito a Deus, como um bom filho obediente ao Pai.

Até porque não existe nova aliança sem lei\torah de acordo com o que diz a maior Autoridade das e nas Escrituras!

O mesmo processo que Deus prometeu aos judeus através da nova aliança. Jeremias 31:31-34 “Dias virão”, afirma o SENHOR, “quando estabelecerei uma nova Aliança com a Casa de Israel e a Casa de Judá. Não será como a Aliança que firmei com seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito, pois eles não honraram o meu pacto, mesmo sendo Eu o Marido divino deles!” assevera Yahweh. “Eis, no entanto, a Aliança que celebrarei com a comunidade de Israel passados aqueles dias”, afirma o SENHOR: “Registrarei o conteúdo da minha Torá, Lei, na mente deles e a escreverei no mais íntimo dos seus sentimentos: seus corações. Assim, serei de fato o Deus deles e eles serão o meu povo! Ninguém mais terá a necessidade de orientar o seu próximo nem seu irmão, pregando: ‘Eis que precisas conhecer quem é Yahweh, o SENHOR!’, porquanto serei conhecido no interior do ser de cada pessoa, desde os mais jovens até os idosos, dos mais pobres aos mais ricos.”, garante o SENHOR. “Porque Eu mesmo lhes perdoarei a malignidade e não me permitirei recordar mais dos seus erros e pecados!”

É o mesmo processo que os gentios que adentram pela fé na nova aliança também experimentam em suas vidas. Romanos 2:12-16 Pois todos os que sem [conhecimento] a Lei, Torah pecaram, sem a Lei, Torah também perecerão; e todos os que pecarem sob a Lei, Torah [conhecendo a torah], pela Lei, Torah serão julgados. Pois, diante de Deus, não são os que simplesmente ouvem a Lei, Torah considerados justos; mas sim, os que obedecem à Lei, Torah, estes serão declarados justos. De fato, quando os gentios que não têm [conhecimento da] Lei, Torah, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se Lei, Torah para si mesmos, muito embora não possuam [em forma de pergaminho para estudar e aprender a vontade de Deus] a Lei, Torah; pois demonstram claramente que os mandamentos da Lei, Torah estão gravados em seu coração. E disso dão testemunho a sua própria consciência e seus pensamentos, algumas vezes os acusando, em outros momentos lhe servindo por defesa. Todos esses fatos serão observados na humanidade, no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, por intermédio de Jesus Cristo, de acordo com as declarações do meu Evangelho. 

Thiago Sanchez, servo, Pr.

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