Texto 1) Mateus 16:19 – "E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus."
Os verbos traduzidos como ligar e desligar no original são amarrar e desamarrar, e tem neste caso o sentido de permitir e proibir.
Texto 2) Mateus 18:18 – "Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra terá sido ligado no céu, e tudo quanto desligardes na terra terá sido desligado no céu."
Os verbos traduzidos como ligar e desligar no original são amarrar e desamarrar, e tem neste caso o sentido de permitir e proibir.
Rabinos e sábios na época de Jesus eram constantemente solicitados para interpretar os mandamentos divinos em suas comunidades, com perguntas como "tal ação é permitida dentro da lei divina"? ou "tal ação pode me tornar ritualmente impuro? Etc...
Exemplo: Deus na bíblia PROÍBE o trabalho no sábado, MAS não define o que é trabalho, por esse motivo os sábios e rabinos eram chamados para interpretar o que constituía trabalho, desta forma "permitiam ou proibiam" (ligavam ou desligavam) algumas atividades.
Os tradutores gregos de Mateus 16:19 e Mateus 18:18 usaram as palavras gregas "dein ou deo" e "luein ou luo" que significam amarrar (atar e prender) e desamarrar (desatar e libertar), embora o texto no seu contexto lingüístico signifique permitir e proibir.
Após essa consideração podemos concluir que Jesus estava dando a Pedro autoridade para tomar decisões em relação a vida da igreja, ele conferiu a Pedro o símbolo de autoridade "chaves do reino do céus"; e "reino do céus" aqui é sinônimo para a Palavra de D-us.
Ou seja, o que Pedro proibisse, D-us proibiria, e o que Pedro permitisse, D-us permitiria, em relação a regulamentação da vida da igreja.
Era essa autoridade que Jesus estava entregando à Pedro e aos apóstolos.
Uma grande responsabilidade.
O movimento que surgiu através de Jesus, chamado "igreja \ Ekklesia", era um novo capítulo na história judaica, novas situações iriam ocorrer onde esse movimento teria que tomar decisões únicas.
Situações que a bíblia (Antigo Testamento) não havia instruções em como agir e até mesmo os sábios de Israel não saberiam o que fazer, eles teriam autoridade para instruir sobre o que fazer, sobre como proceder.
Decisões teriam que ser tomadas e soluções teriam que ser encontradas, só que o Mestre não estaria com eles fisicamente para ajudar em tais decisões; a responsabilidade seria de Pedro e de outros lideres apostólicos da "igreja", contudo a afirmação de Jesus, dá legitimidade, e afirma, a autoridade de Pedro e dos lideres apostólicos.
A autoridade lhes foi dada para que ligassem (permitissem, aprovassem) ou desligassem (proibissem, desaprovassem) com o aval do Senhor.
Uma grande responsabilidade estava sobre os ombros dos apóstolos\emissários de Jesus.
Os apóstolos assim como os sábios e rabinos eram solicitados para interpretarem as escrituras (antigo testamento) e principalmente a torá, resolver disputas internas e encontrar respostas em tempos de crise.
As vezes eram confrontados com problemas pequenos e reclamações como por exemplo em atos 6:1-6 onde houve murmuração dos gregos contra os hebreus na distribuição diária da comida as viúvas dos gregos que não estavam sendo bem tratadas como as viúvas dos hebreus.
Outro caso onde deveriam se posicionar e fazer uso dessa autoridade é quanto ao seguinte problema no meio da igreja: Mateus 18:15-22 exclusão (desligar) ou admissão e readmissão (ligar); ou vamos assim dizer, exclusão (desligar) ou perdão e/ou restauração (ligar); é fácil excluir ou desligar, o desafio maior é perdoar 70x7!
Noutras ocasiões problemas mais sérios, controvérsias com potencial para dividir a igreja de forma irreparável.
Uma dessas controvérsias é descrito em Atos 15 – a questão era se a igreja deveria aceitar gentios, não judeus, sem a exigência da circuncisão descrito na lei de Moisés.
A decisão alcançada é um clássico exemplo de como a igreja exerceu a autoridade de ligar (permitir) e desligar (proibir).
Os apóstolos e anciões se reuniram para discutir o problema, depois de muito debate Pedro se levanta e fala em atos 15:7-11, depois Tiago em atos 15:13-21.
Nessa situação a decisão de Pedro foi essencial e crucial, levando em consideração que Jesus deu a ele autoridade que afetaria o destino, o rumo, da igreja.
Pedro não permitiu (desligou).
Ele não permitiu que os gentios recém chegados a fé v 10 fossem circuncidados externamente, tais novos convertidos não deveriam ser forçados ou abrigados a guardar alguns aspectos da lei da torah.
No v 19 Pedro permitiu (ligou) a entrada dos gentios sem o requerimento da circuncisão: "Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus".
Mas no v 20 Tiago num certo sentido, proibiu (amarrou) o mesmo que Pedro havia amarrado (desligado anteriormente), e permitiu (ligou) algumas observâncias iniciais fundamentais e essenciais: "Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue."
Gentios, não judeus, deveriam se distanciar de cultos pagãos que envolviam prostitutas, se abster de comer carnes de animais que o sangue não tinha sido removido conforme descreve Lv 7:26 (carne sufocada), e idolatria; com o passar do tempo aprenderiam mais conforme fossem estudando, aprendendo e entendendo corretamente os princípios eternos estabelecidos por D-us.
Depois da exposição de Pedro (proibição e permissão) e Tiago (proibição e permissão), o restante da liderança confirmou a decisão, e em seguida toda a igreja.
Pr. Thiago G. Sanchez
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