quarta-feira, 14 de agosto de 2019

“ENTENDENDO A RELAÇÃO PAI E FILHO NA ETERNIDADE”


1)  "O Filho É Subordinado"

O DR. H. R. BOER, EM SUA OBRA A SHORT HISTORY OF THE EARLY CHURCH (BREVE HISTÓRIA DA PRIMITIVA IGREJA), COMENTA O OBJETIVO PRINCIPAL DO ENSINO DOS APOLOGISTAS:

"Justino [o Mártir] ensinou que antes da criação do mundo Deus estava sozinho e não existia nenhum Filho. . . . Quando Deus desejou criar o mundo, . . . gerou outro ser divino para criar o mundo para ele. Esse ser divino foi chamado . . . Filho, porque nasceu; foi chamado Logos, porque foi tomado da Razão ou Mente de Deus. . . .”

Justino e os outros apologistas, portanto, ensinavam que o Filho é uma criatura. Ele é uma criatura elevada, uma criatura suficientemente poderosa para criar o mundo, mas, não obstante, uma criatura. Na teologia, esta relação do Filho com o Pai se chama subordinacionismo. O Filho é subordinado, isto é, secundário ao Pai, dependente dele e causado por ele. Os apologistas eram subordinacionistas.

Fonte Bibliográfica do texto acima: A Short History of the Early Church, de Harry R. Boer, 1976, página 110.
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A RESPEITO DO ENTENDIMENTO MAIS ANTIGO SOBRE A RELAÇÃO DO FILHO COM DEUS, O DR. MARTIN WERNER, EM SUA OBRA THE FORMATION OF CHRISTIAN DOGMA (A FORMAÇÃO DO DOGMA CRISTÃO), DIZ O SEGUINTE: 

"Essa relação foi entendida inequivocamente como de 'subordinação', i.e., no sentido de subordinação de Cristo a Deus. Toda vez que no Novo Testamento se considera a relação de Jesus com Deus, o Pai, . . . ela é imaginada e representada categoricamente como subordinação. E o mais decisivo subordinacionista do Novo Testamento, segundo o relato sinóptico, foi o próprio Jesus . . . Essa posição original, firme e manifesta como era, pôde ser mantida por muito tempo. 'Todos os grandes teólogos pré-Nicéia representaram a subordinação do Logos a Deus.'"

Fonte Bibliográfica do texto acima:The Formation of Christian Dogma, de Martin Werner, 1957, página 125.

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CONCORDANDO COM ISSO, R. P. C. HANSON, NA OBRA THE SEARCH FOR THE CHRISTIAN DOCTRINE OF GOD (A BUSCA DA DOUTRINA CRISTÃ SOBRE DEUS), DECLARA:

"Não há teólogo na Igreja Oriental ou Ocidental antes da erupção [no quarto século] da Controvérsia Ariana que de algum modo não considere o Filho subordinado ao Pai."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Search for the Christian Doctrine of God, de R. P. C. Hanson, 1988, página 64. 

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O DR. ALVAN LAMSON, EM THE CHURCH OF THE FIRST THREE CENTURIES (A IGREJA DOS PRIMEIROS TRÊS SÉCULOS), ACRESCENTA ESTE TESTEMUNHO A RESPEITO DO ENSINO DAS AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS ANTES DO CONCÍLIO DE NICÉIA (325 D.C):

"A inferioridade do Filho foi geralmente, se não de modo uniforme, afirmada pelos Pais Pré-Nicéia . . . Que eles consideravam o Filho distinto do Pai é evidente do fato de que afirmavam claramente a inferioridade dele. . . . Eles o consideravam separado e subordinado."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Church of the First Three Centuries, de Alvan Lamson, 1869, páginas 70-1.

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DA MESMA FORMA, NO LIVRO GODS AND THE ONE GOD (DEUSES E O ÚNICO DEUS), ROBERT M. GRANT DIZ O SEGUINTE SOBRE OS APOLOGISTAS: 

"A cristologia das apologias, como a do Novo Testamento, é essencialmente subordinacionista. O Filho é sempre subordinado ao Pai, que é o único D-us do Velho Testamento. . . . O que encontramos nesses autores antigos, pois, não é uma doutrina da Trindade . . . Antes de Nicéia, a teologia cristã era quase universalmente subordinacionista."

Fonte Bibliográfica do texto acima: Gods and the One God, de Robert M. Grant, 1986, páginas 109, 156, 160.

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CONCLUSÃO: O Dogma da Trindade ensina que o Filho é igual a Deus o Pai, em eternidade, poder, posição e sabedoria. Mas os apologistas diziam que o Filho não era igual a Deus, o Pai. Eles consideravam o Filho subordinado. Não é isso, porém, que é ensinado pelo dogma da Trindade pós-nicéia! Sendo assim, todos estes pais da igreja pré-nicéia seriam tidos como hereges hoje em dia!


2)  “Reflexo do Ensino do Primeiro Século”

OS APOLOGISTAS E OUTROS ANTIGOS PAIS DA IGREJA REFLETIAM EM GRANDE MEDIDA O QUE OS CRISTÃOS DO PRIMEIRO SÉCULO ENSINAVAM SOBRE A RELAÇÃO ENTRE O PAI E O FILHO. NOTE COMO ISTO É EXPRESSO NO LIVRO THE FORMATION OF CHRISTIAN DOGMA:

"Na primitiva era cristã, não havia nenhum sinal de espécie alguma de problema ou controvérsia trinitária, como a que mais tarde produziu violentos conflitos na Igreja. A razão disso sem dúvida está em que, para o cristianismo primitivo, Cristo era . . . um ser do elevado mundo celestial de anjos, que foi criado e escolhido por Deus para a tarefa de trazer, no fim das eras, . . . o Reino de Deus."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Formation of Christian Dogma, páginas 122,125.

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ALÉM DISSO, A RESPEITO DO ENSINO DOS PRIMITIVOS PAIS DA IGREJA, THE INTERNATIONAL STANDARD BIBLE ENCYCLOPEDIA (ENCICLOPÉDIA INTERNACIONAL DA BÍBLIA PADRÃO) ADMITE: 

"No pensamento mais antigo da Igreja, a tendência, ao se falar sobre Deus o Pai, é entender que Ele é primeiro, não como o Pai de Jesus Cristo, mas como a origem de todo ser. Assim, Deus o Pai, é como que Deus por excelência. A Ele pertencem descrições tais como sem origem, imortal, imutável, inefável, invisível e incriado. Foi Ele quem fez todas as coisas, incluindo a própria matéria da criação, a partir do nada...”

"Isto pode parecer sugerir que o Pai é o único devidamente Deus, e que o Filho e o Espírito o são apenas secundariamente. Muitas afirmações antigas parecem apoiar isto."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The International Standard Bible Encyclopedia, 1982, Volume 2, página 513.

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EMBORA ESTA ENCICLOPÉDIA PASSE A DESACREDITAR ESSAS VERDADES E A AFIRMAR QUE A DOUTRINA DA TRINDADE ERA ACEITA NAQUELA ÉPOCA ANTIGA, OS FATOS NEGAM ESSA AFIRMAÇÃO. CONSIDERE AS PALAVRAS DO CARDEAL JOHN HENRY NEWMAN, FAMOSO TEÓLOGO CATÓLICO:

"Admitamos que todo o círculo de doutrinas, das quais nosso Senhor é o tema, foi coerente e uniformemente confessado pela Primitiva Igreja . . . Mas certamente é diferente com a doutrina católica da Trindade. Não vejo em que sentido se pode dizer que há um consenso das primitivas [autoridades eclesiásticas] em seu favor . . .”

"Os Credos daquela época primeva não fazem menção . . . da [Trindade] de forma alguma. Fazem menção, sim, de um Três; mas quanto a existir algum mistério na doutrina, que os Três são Um, que Eles são co-iguais, co-eternos, todos incriados, todos onipotentes, todos incompreensíveis, não está declarado e jamais se poderia deduzir deles."

Fonte Bibliográfica do texto acima: An Essay on the Development of Christian Doctrine, do Cardeal John Henry Newman, Sexta Edição, 1989, páginas 14-18.

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3)  “O Que Justino, o Mártir, Ensinava”

Um dos mais antigos apologistas foi Justino, o Mártir, que viveu de cerca de 110 a 165 d.C. Nenhum de seus escritos existentes menciona três pessoas co-iguais em um só Deus.

Por exemplo, segundo A Bíblia de Jerusalém, uma versão católica, Provérbios 8:22-30 diz a respeito do pré-humano Jesus: "Iahweh me criou, primícias de sua obra, de seus feitos mais antigos. . . . Quando os abismos não existiam, eu fui gerada . . . Antes das colinas, eu fui gerada . . . Eu estava junto com ele [Deus] como mestre-de-obras."CONSIDERANDO ESTES VERSÍCULOS, JUSTINO DIZ NO SEU DIÁLOGO COM TRÍFON:

"A Escritura declara que essa Prole foi gerada pelo Pai antes de serem criadas todas as outras coisas; e que aquilo que é gerado é numericamente distinto daquele que gera, isso qualquer pessoa admitirá."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Ante-Nicene Fathers, editado por Alexander Roberts e James Donaldson, Reimpressão Americana da Edição de Edimburgo, 1885, Volume I, página 264. 

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VISTO QUE O FILHO NASCEU DE DEUS, JUSTINO USA, DE FATO, A EXPRESSÃO "DEUS" COM RELAÇÃO AO FILHO. ELE DECLARA NA SUA PRIMEIRA APOLOGIA: "O Pai do universo tem um Filho; que, também, sendo o primogênito Verbo de Deus, é Deus mesmo."

Fonte Bibliográfica do texto acima: Ibid., página 184.

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A Bíblia também se refere ao Filho de Deus pelo título de "Deus". Em Isaías 9:6, ele é chamado "Deus Poderoso". Mas, na Bíblia, anjos, humanos, Deuses falsos e Satanás também são chamados "Deuses". (Anjos: Salmo 8:5; compare com Hebreus 2:6,7. Humanos: Salmo 82:6. Deuses falsos: Êxodo 12:12; 1 Coríntios 8:5. Satanás: 2 Coríntios 4:4.) Nas Escrituras Hebraicas, a palavra para "Deus", ´El, simplesmente significa "Poderoso" ou "Forte". Nas Escrituras Gregas, o equivalente é theós. 

Além disso, o termo hebraico usado em Isaías 9:6 mostra uma distinção definida entre o Filho e Deus. Ali, o Filho é chamado "Deus Poderoso", ´El Gibbóhr, não "Deus Todo-Poderoso". Esse termo em hebraico é ´El Shaddaí, e aplica-se unicamente a Iahweh, o Pai.

Note, porém, que, ao passo que Justino chama de "Deus" ao Filho, nunca diz que o Filho seja um de três pessoas iguais, sendo cada um deles Deus, mas formando os três apenas um Deus. EM VEZ DISSO, ELE DIZ EM SEU DIÁLOGO COM TRÍFON:

"Há . . . outro Deus e Senhor [o pré-humano Jesus] sujeito ao Criador de todas as coisas [Deus Todo-Poderoso]; que [o Filho] é chamado também de Anjo, porque Ele [o Filho] anuncia aos homens o que quer que o Criador de todas as coisas — acima de quem não há outro Deus — deseja que lhes anuncie. . . .”

"[O Filho] é distinto Daquele que fez todas as coisas, — numericamente, quero dizer, não [distinto] na vontade."

Fonte Bibliográfica do texto acima: Ibid., página 223.

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Há uma passagem interessante na Primeira Apologia de Justino, no capítulo 6, em que ele faz uma defesa contra a acusação da parte dos pagãos de que os cristãos são ateístas. ELE ESCREVE:

"Tanto Ele [Deus] como o Filho (que se originou Dele e nos ensinou estas coisas, e a hoste de outros anjos bons que o seguem e são feitos semelhantes a Ele), e o Espírito profético, veneramos e adoramos."

Fonte Bibliográfica do texto acima: Ibid., página 164.

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UM TRADUTOR DESTA PASSAGEM, BERNHARD LOHSE, COMENTA: "Como se não bastasse que nesta enumeração os anjos sejam mencionados como seres honrados e adorados por cristãos, Justino não hesita em citar anjos antes de mencionar o Espírito Santo" (Fonte Bibliográfica do comentário acima: A Short History of Christian Doctrine, de Bernhard Lohse, traduzido do alemão para o inglês por F. Ernest Stoeffler, 1963, segunda edição em brochura, 1980, página 4). — Veja também An Essay on the Development of Christian Doctrine (Ensaio Sobre o Desenvolvimento da Doutrina Cristã).

Fonte Bibliográfica do texto acima: An Essay on the Development of Christian Doctrine, página 20.

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Assim, ao passo que Justino, o Mártir, parece ter-se desviado da doutrina pura da Bíblia na questão sobre quem deve ser objeto de adoração por parte do cristão, ele claramente não considerava o Filho igual ao Pai, assim como os anjos não eram considerados iguais a Ele. A RESPEITO DE JUSTINO, CITAMOS DE NOVO A OBRA DE LAMSON, THE CHURCH OF FIRST THREE CENTURIES:

"Justino considerava o Filho distinto de Deus, e inferior a ele: distinto, não no sentido moderno, como se formasse uma das três hipóstases, ou pessoas, . . . mas distinto na essência e na natureza; com subsistência real, substancial, distinta de D-us, de quem ele derivou todos os seus poderes e títulos; constituído debaixo dele, e sujeito à vontade dele em todas as coisas. O Pai é supremo; o Filho é subordinado: o Pai é a fonte do poder; o Filho, o recipiente: o Pai origina; o Filho, como seu ministro ou instrumento, executa. Eles são dois em número, mas concordam, ou são um, na vontade; a vontade do Pai sempre prevalece sobre a do Filho."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Church of the First Three Centuries, páginas 73,74,76.  

Além disso, em parte alguma diz Justino que o espírito santo seja uma pessoa igual ao Pai e ao Filho. Portanto, em nenhum sentido se pode dizer honestamente que Justino ensinava a Trindade conforme é ensinada atualmente nas igrejas cristãs. 

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4)  “O Que Clemente Ensinava”

Clemente, de Alexandria, (c. 150 a 215 d.C) também chama o Filho de "Deus". Ele até mesmo o chama de "Criador", um termo nunca usado na Bíblia com referência a Jesus. Queria ele dizer que o Filho era igual em todos os sentidos ao todo-poderoso Criador? Não. Clemente referia-se evidentemente a João 1:3, onde diz a respeito do Filho: "Todas as coisas vieram à existência por intermédio dele."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Ante-Nicene Fathers, Volume II, página 234.

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Deus usou o Filho como agente nas Suas obras criativas. — Colossenses 1:15-17. Clemente chama o Supremo Deus de "o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus" (Fonte Bibliográfica do texto acima: Ibid., página 227), e diz que "o Senhor é o Filho do Criador" (Fonte Bibliográfica do trecho citado acima: Ibid., página 228). Ele diz também: "O Deus de todos é apenas um Criador bom e justo, e o Filho [está] no Pai." (Fonte Bibliográfica do trecho acima: lbid. Ou seja, no mesmo lugar da bibliografia citada anteriormente) Portanto, ele escreveu que o Filho tem um Deus acima dele. Clemente fala a respeito de Deus como o "primeiro e único provedor da vida eterna, que o Filho, que a recebeu Dele [Deus], nos dá." (Fonte Bibliográfica do texto comentário acima: lbid., página 593.). O Doador da vida eterna é claramente superior àquele que, por assim dizer, é o transmissor. Assim, Clemente diz que Deus "é o primeiro, e o mais elevado" (Fonte Bibliográfica do trecho acima: lbid.Ou seja, no mesmo lugar da bibliografia citada anteriomente). Além do mais, ele diz que o Filho "está mais próximo Daquele que é unicamente o Todo-Poderoso" e que o Filho "pede todas as coisas em harmonia com a vontade do Pai" (Fonte Bibliográfica do trecho acima: Ibid., página 524.).

Vez após vez, Clemente mostra a supremacia do Deus Todo-Poderoso sobre o Filho.

A RESPEITO DE CLEMENTE, DE ALEXANDRIA, LEMOS O SEGUINTE EM THE CHURCH OF THE FIRST THREE CENTURIES:

"Poderíamos citar numerosas passagens de Clemente em que a inferioridade do Filho é distintamente afirmada. . . .”

"Ficamos espantados de que qualquer pessoa que leia Clemente com atenção normal possa imaginar por um único instante que ele considerasse o Filho numericamente idêntico — um — com o Pai. Sua natureza dependente e inferior, conforme se parece a nós, é reconhecida em toda a parte. Clemente acreditava que D-us e o Filho eram numericamente distintos; em outras palavras, dois seres — um supremo, o outro subordinado."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Church of the First Three Centuries, páginas 124,125.

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Além disso, pode-se dizer de novo: mesmo que às vezes Clemente pareça ir além daquilo que a Bíblia diz a respeito de Jesus, em parte alguma fala de uma Trindade composta de três pessoas iguais em um só Deus. Apologistas como Taciano, Teófilo e Atenágoras, que viveram entre a época de Justino e a de Clemente, tinham conceitos similares. Lamson diz que "não eram melhores trinitaristas do que o próprio Justino; isto é, não acreditavam num Três indivisível, co-igual, mas ensinavam uma doutrina totalmente inconciliável com essa crença".

Fonte Bibliográfica do comentário acima: Ibid., página 95.

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5)  “A Teologia de Tertuliano”

Tertuliano (c. 160 a 230 d.C) foi o primeiro a usar a palavra latina trinitas. Conforme observado por Henry Chadwick, Tertuliano propôs que Deus é 'uma substância que consiste em três pessoas (Fonte Bibliográfica do trecho mencionado acima: The Early Church, de Henry Chadwick, impressão de 1980, página 89.). Isto não significa, porém, que tivesse em mente três pessoas co-iguais e co-eternas. Entretanto, suas idéias foram usadas como ponto de partida por escritores posteriores que elaboravam a doutrina da Trindade.

O conceito de Tertuliano sobre Pai, Filho e espírito santo era bem diferente da Trindade da cristandade, pois ele era subordinacionista. Ele considerava o Filho subordinado ao Pai. NA OBRA AGAINST HERMOGENES (CONTRA HERMÓGENES), ELE ESCREVEU:

"Não devemos supor que haja algum outro ser, exceto unicamente Deus, que seja não gerado e incriado. . . . Como pode algo, exceto o Pai, ser mais velho, e por isso deveras mais nobre, do que o Filho de Deus, o Verbo unigênito e primogênito? . . . Esse [Deus] que não precisou de um Criador para lhe dar existência, será muito mais elevado em categoria do que [o Filho] que teve um autor que o trouxe à existência."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Ante-Nicene Fathers, Volume III, página 487)

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TAMBÉM, NA OBRA AGAINST PRAXEAS, ELE MOSTRA QUE O FILHO É DIFERENTE DO TODO-PODEROSO DEUS E É SUBORDINADO A ELE, AO DIZER:

"O Pai é a inteira substância, mas o Filho é uma derivação e parcela do todo, conforme Ele Próprio reconhece: 'Meu Pai é maior do que eu.' . . . Assim, o Pai é distinto do Filho, sendo maior do que o Filho, visto que um é Aquele que o gera e outro Aquele que é gerado; também, um é Aquele que envia, e outro Aquele que é enviado; e, além disso, Aquele que cria é um, e Aquele por meio de quem a coisa é feita é outro."

Fonte Bibliográfica do trecho acima: Ibid., páginas 603,604.

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Tertuliano, em Against Hermogenes, declara além disso que houve tempo em que o Filho não existia como pessoa, mostrando que ele não considerava o Filho um ser eterno no mesmo sentido que Deus era (Fonte Bibliográfica do texto acima: Ibid., página 478.). O CARDEAL NEWMAN DISSE: "Tertuliano deve ser considerado heterodoxo [crente em doutrinas não ortodoxas] na doutrina sobre a geração eterna de nosso Senhor. (Fonte Bibliográfica do trecho acima: An Essay on the Development of Christian Doctrine, páginas 19,20).

A RESPEITO DE TERTULIANO, LAMSON DECLARA:

"Essa razão, ou o Logos, como foi chamado pelos gregos, foi mais tarde, segundo acreditava Tertuliano, mudado para o Verbo, o Filho, isto é, um ser real, tendo existido desde a eternidade apenas como um atributo do Pai. Tertuliano atribuiu a ele, porém, uma categoria subordinada ao Pai . . .”

"A julgar por qualquer explicação geralmente aceita da Trindade da atualidade, seria inútil tentar salvar Tertuliano da condenação [como herege]. Ele não suportaria o teste nem sequer um momento."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Church of the First Three Centuries, páginas 108,109.

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6)  “Não Há Trindade”

Se lessemos todas as palavras dos apologistas, descobririamos que, embora se tenham desviado em alguns pontos dos ensinos da Bíblia, nenhum deles ensinava que o Pai, o Filho e o espírito santo eram co-iguais em eternidade, poder, posição e sabedoria. 

O mesmo se dá também com respeito a outros escritores do segundo e terceiro séculos, tais como Irineu, Hipólito, Orígenes, Cipriano e Novaciano. Embora alguns tenham igualado o Pai e o Filho em certos respeitos, em outros eles consideravam o Filho subordinado a Deus, o Pai. E nenhum deles sequer especulou que o espírito santo fosse igual ao Pai e ao Filho. Por exemplo, Orígenes (c. 185 a 254 d.C) declara que o Filho de Deus é "o Primogênito de toda a criação" e que as Escrituras "conhecem a Ele como a mais antiga das obras de criação".

Fonte Bibliográfica desse trecho: The Ante-Nicene Fathers, Volume IV, página 560.

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Uma leitura objetiva dessas antigas autoridades eclesiásticas mostra que a doutrina da Trindade, ensinada atualmente pelos líderes das igrejas cristãs, não existia no seu tempo. CONFORME DIZ A OBRA THE CHURCH OF THE FIRST THREE CENTURIES:

"A moderna doutrina popular da Trindade . . . não deriva apoio da linguagem de Justino: e esta observação pode ser estendida a todos os Pais Pré-Nicéia; isto é, a todos os escritores cristãos durante três séculos após o nascimento de Cristo. É verdade que falam do Pai, do Filho e do Espírito profético ou santo, mas não como co-iguais, não como uma só essência numérica, não como Três em Um, sentidos hoje aceitos pelos trinitaristas. O diametralmente oposto é a realidade. A doutrina da Trindade, segundo explicada por esses Pais, era essencialmente diferente da doutrina moderna. Isto afirmamos como fato tão irrefutável como qualquer fato da história das opiniões humanas."

Fonte Bibliográfica do texto acima: The Church of the First Three Centuries, páginas 75,76. 

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Na realidade, antes de Tertuliano, a Trindade nem sequer era mencionada. E a Trindade do ponto de vista de Tertuliano rotulada de "heterodoxa" (assim o cardeal Newman classifica Tertuliano, como heterodoxo, ou seja, como um crente cujo as doutrinas não são ortodoxas) era muito diferente daquilo que se crê hoje.

Fim!

Pr. Thiago G. Sanchez

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