sexta-feira, 2 de agosto de 2019

"A LASHON HARÁ DE MIRIÃ"


Tema: "A LASHON HARÁ DE MIRIÃ!"

Texto: Números 12:10-11 "também a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã se tornara leprosa, branca como a neve; e olhou Arão para Miriã e eis que estava leprosa. Pelo que Arão disse a Moisés: Ah, meu senhor! rogo-te não ponhas sobre nós este pecado, porque procedemos loucamente, e pecamos."

TRECHO DA PARASHAT "BEHAALOTECHÁ":

Miriam fala a Arão sobre Moisés:

O dia em que os setenta anciãos foram escolhidos foi um dia de grande felicidade para os filhos de Yisrael. 

Acenderam velas e participaram do júbilo da recém adquirida grandeza desses homens.

“Quão afortunadas são as esposas desses anciãos, a quem foi concedido ruach hacôdesh (Espírito do Eterno)!” teria exclamado Miriam, irmã de Moisés. 

A esposa de Moisés, Zípora, que estava a seu lado teria observado: “Muito pelo contrário! Elas ficam, desta maneira, infelizes. Seus maridos agora se separarão delas.”

Miriam já havia notado antes que Zípora negligenciara sua aparência. 

“Por que você não se veste como as outras mulheres, Zipora?” Teria perguntado Miriam.

“Seu irmão não se importa com minha aparência,” Teria replicado Zípora. 

Agora a verdade ficara clara para Miriam. 

Por que seu irmão não obedecera a ordem Divina de frutificar e 
multiplicar? 

Como irmã mais velha, era responsável por tomar o assunto em suas mãos. 

Iria discuti-lo com Arão, ele certamente concordaria com seu ponto de vista.

Encontrou Arão e Moisés à entrada do Mishcan (tabernáculo, residência, habitação), e falou com Arão na presença de Moisés. 

Não se importava que Moisés ouvisse a conversa, uma vez que não tinha más intenções, mas queria apresentar o assunto corretamente para o bem de Moisés. 

Dirigindo-se a Arão, começou a elogiar a extraordinária beleza 
de Zípora, bem como sua virtude. 

A grandeza de Zípora era tão óbvia e inegável como a cor preta da pele de um negro, não obstante era uma mulher de maravilhosa tseniut (recato e modéstia).

(Nesta Parashá, Zípora é chamada de “isha cushit / uma mulher etíope”. Esta é a origem da comparação entre a negritude e sua destacada grandeza. Porém, alguns comentários interpretam essas palavras literalmente, sustentando que Zípora era realmente negra.) 

Miriam envolveu Arão na discussão, como se segue: 

(Os sábios de Israel não relatam as palavras exatas de Miriam e Arão, e o texto, assim, é uma aproximação de sua conversa real.)

“Ouvi que Moisés não vive com sua esposa,” disse-lhe. “Não está justificado em agir assim com Zípora.”

“Porém, aparentemente, O Eterno concorda com Moisés,” respondeu Arão, “pois Ele não o censurou.”

“Não,” concluíram ambos, “isto não prova que Moisés agiu corretamente. O Eterno leva a pessoa no mesmo caminho que ela escolhe trilhar. Uma vez que Moisés separou-se voluntariamente de sua esposa, O Eternos subseqüentemente consentiu.” 

“Nossos Patriarcas também eram profetas, porém não se separaram de suas esposas. Nós também somos profetas, mas o Todo Poderoso não ordenou que nos separemos de nossos cônjuges. Moisés também poderia viver uma vida normal, se assim escolhesse.”

Moisés, que ouvira a conversa inteira, poderia facilmente ter se defendido, refutando que era profeta, mais elevado que os Patriarcas, Miriam e Arão. Poderia explicar que ele, que deveria estar sempre preparado para receber profecia, precisava separar-se de sua esposa permanentemente, e que O Eterno sancionara sua decisão. 

Contudo, Moisés não formulou resposta alguma, pois não havia se ofendido ao ouvir uma observação pejorativa sobre si. 

Não havia ninguém mais humilde que ele. 

Por causa de sua modéstia, nunca revelou a Arão ou Miriam que suas revelações eram infinitamente mais elevadas que as concedidas a outros profetas.

A extrema humildade de Moisés:

A Torá testemunha que “O homem Moisés era extremamente humilde, mais que qualquer outra pessoa sobre a terra” (11:3). 

Era humilde a seus próprios olhos, e era o mais paciente dos homens.

Moisés era ainda mais humilde que os Patriarcas.

Sua humildade não era devida à alguma fraqueza, defeito ou inferioridade da qual tivesse consciência. 

Moisés era excelso em todas as áreas, combinando todas as qualidades desejadas pelas pessoas.

Como é possível que Moisés fosse o mais humilde dos homens, apesar de seus talentos e realizações excepcionais?

Mais que qualquer um, Moisés compreendeu que “Lecha Hashem haguedulá vehaguevurá vehatiferet vehanetsach… / Para Ti, Ó Eterno, é a grandeza, e a força, e a glória, e a vitória, e a Majestade; pois tudo o que está no Céu e na terra é Teu; Teu, Hashem, é o governo, e Tu és exaltado como cabeça acima de todas” (Divrê Hayamim [1 crônicas] 29:11).

Quanto mais profunda é a percepção que a pessoa tem do Eterno, mais claramente percebe que o que realizou é completamente insignificante em comparação a todos os benefícios que recebe d'Ele!

Ele vê seus dons ou talentos não como fonte de orgulho, mas sim, como uma responsabilidade a ser utilizada a Serviço do Eterno!

A inigualável humildade de Moisés foi uma das virtudes que fizeram com que merecesse a experiência da Shechiná (presença divina manifesta) mais do que qualquer outro homem, e ser escolhido como o transmissor da Torá Divina.

O Eterno defende Moisés mostrando sua superioridade sobre todos os outros profetas.

Moisés não se defende; em vez disso, O Eterno defendeu-o!

Por Moisés ter se calado, o Eterno falou por Moisés.

De repente, Moisés, Arão e Miriam ouviram a voz Divina!

A Voz dirigia-se a cada um deles individualmente, no mesmo instante (um milagre que só O Eterno pode realizar), e ordenou-lhes entrarem na parte interna do Mishcan (tabernáculo, tenda, habitação).

Arão e Miriam teriam ficado atônitos ao som da voz do Eterno, pois estavam impuros. 

Percebiam agora que Moisés precisava separar-se de sua esposa porque nunca sabia quando as palavras do Eterno o alcançariam, e portanto, exigia-se que estivesse num estado de pureza constante. 

Eles, por outro lado, só recebiam comunicação Divina apenas depois de terem se preparado.

O Eterno explicou a Arão e Miriam: “Não falo com Moisés como faço com outros profetas. Todos os outros profetas tiveram visões em sonho, ou, se acordados, sob a forma de parábolas e enigmas que requerem interpretação. As profecias de Moisés são diferentes. Eu falo com ele face a face com perfeita claridade. Ele está a vontade em Meu reino superior, e tem domínio até sobre os anjos. Confio nele completamente.”

Os sábios de Israel ilustram a superioridade de Moisés como se segue: Todos os profetas, exceto Moisés, podem ser comparados a alguém que se olha no espelho. Vê o reflexo dos objetos atrás de si, mas não sabe o que há do outro lado, uma vez que não pode enxergar através desse. 

Similarmente, os profetas tiveram a visão do Eterno como “aspaclaria sheená meirá” (visão não iluminada), uma visão indistinta. Por causa de suas limitações, não conseguiam perceber a essência do Eterno; por conseguinte, suas visões eram meros reflexos. Moisés, por outro lado, era como alguém que olha através de vidro transparente, e discerne claramente o objeto por trás deste. Portanto, sua visão do Eterno é denominada de “aspaclaria hameirá” (visão iluminada), uma visão lúcida e penetrante.

O Eterno repreende Miriam e Arão:

Miriam é punida.

O Eterno censurou Arão e Miriam: “Erraram em comparar Moisés a outros profetas. Era permitido a outros profetas continuarem a manter relações maritais, mas era necessário que Moisés se separasse de sua esposa. Como ousaram falar sobre um homem como Moisés, que é Meu servo leal?”

O Eterno estava irado com Arão e Miriam, e tratou de puni-los. Antes de fazê-lo, contudo, Ele fez com que a Nuvem da Shechiná (Xêrriná) se elevasse e partisse de sobre o Mishcan (tabernáculo), como para demonstrar que O Eterno não consegue suportar ver tsadikim (justos) sofrendo, pois Ele se apieda deles.

Apesar de suas palavras não terem sido proferidas por malícia, mas por preocupação pelo bem-estar de Moisés, e apesar deles não terem falado por trás das costas, mas em sua presença, O Eterno considerou que Miriam e Arão eram culpados de Lashon Hará (maledicência).

Ele imediatamente golpeou-os com tsaraat (lepra), a penalidade pela maledicência e difamação. 

OBS. Tanto Arão quanto Miriam ficaram com lepra, mas Arão apenas por um instante.

Logo em seguida, sua tsaraat desapareceu. 

A de Miriam permaneceu, pois ela é quem começara a falar sobre Moisés! 

Todavia, Arão ficou angustiado ao ver a pele de sua irmã num tom esbranquiçado, cuja mera visão constituía uma punição para ele também.

“Por favor, meu mestre,” implorou Arão à Moisés, "não nos culpe, pois pecamos."

“Nós três nascemos de uma mãe. Se Miriam ficar leprosa é tão duro como se metade de nossa carne estivesse morta."

“Por favor, reze [ore] ao Eterno para que a cure, ou então ela deverá permanecer uma eterna leprosa. Um cohen (sacerdote) que é parente de um leproso não pode declará-lo puro. Somos dos mesmos pais, portanto, nunca poderei declará-la pura.” 

A oração de Moisés por sua irmã:

Moisés clamou ao Eterno que curasse Miriam. 

Desenhou um pequeno círculo ao redor de si, ficou no centro e implorou ao Eterno: “Kel na refá na la / Deus, (em Cuja Mão está todo o poder de cura), por favor, cure-a agora! Não deixarei este círculo até que minha irmã esteja curada!”

Manteve sua prece curta, para que zombadores não dissessem: “Vejam Moisés! Para sua irmã ele reza (ora) extensamente, mas não para nós!”

A bem da verdade, não é pelo muito falar que seremos ouvidos pelo Eterno.

O Eterno perguntou a Moisés: “Por que te desesperas?”

Moisés respondeu: “Eterno, sei o quanto é doloroso a pessoa ser atacada de tsaraat (lepra). Lembro-me de como certa vez enviaste tsaraat sobre mim. Quando primeiro Tu apareceste para mim na sarça ardente, enviaste tsaraat sobre mim.”

O ETERNO disse: “Ouvi sua tefilá (oração). Curarei Miriam. Entretanto, não a curarei imediatamente. Miriam deve ficar fora dos três acampamentos por sete dias.”

Miriam teve de deixar todos os três acampamentos como todas as outras pessoas que tinham tsaraat. Desta maneira, os filhos de Yisrael souberam de seu pecado.

Havia três acampamentos separados dos filhos de Israel no deserto eram:

1 - O da Divina Presença (Machanê Shechiná)

Este era o nome dado à área do Tabernáculo. Os outros dois circundavam este acampamento.

2 - O acampamento dos Levitas (Machanê Levita)

Os levitas acampavam ao redor de todos os lados do Tabernáculo. A cada uma das famílias levitas era designado um local fixo. 

Eram como guardas postados à entrada do palácio do rei. 

Naturalmente, Deus não precisa de guardas para vigiar Seu local sagrado. Ele sozinho pode protegê-lo melhor que qualquer guarda humano jamais poderia. Mesmo assim, Ele ordenou que os levitas vigiassem o Tabernáculo.

3 - O acampamento dos Israelitas (Machanê Yisrael)

Este acampamento rodeava o acampamento Levita.

Três tribos acampavam em cada um dos quatro lados.

O que Eterno desejava com a lepra de Miriam? 

Resposta: O Eterno queria que os filhos de Israel aprendessem com Miriam!

Deveriam extrair a seguinte lição: "Se O Eterno é tão rigoroso com Miriam, que ama o irmão e SÓ FALOU LASHON HARÁ PARA AJUDÁ-LO, quão mais severo será com alguém que FALA LASHON HARÁ INTENCIONALMENTE MAL INTENCIONADO!

Esta lição deveria ter ensinado os filhos de Yisrael a serem cuidadosos a respeito de Lashon Hará (Maledicência). 

Quando os espiões mais tarde retornaram e falaram mal de Êrets Yisrael (terra de Israel = terra de Canaã), eles não deveriam ter aceitado as palavras dos espiões. 

Mas não aprenderam a lição com Miriam!

“Mesmo punindo Miriam, Devo conceder-lhe sua honra especial de tsadeket. Uma vez que Arão, que é seu parente, não pode examiná-la e declará-la pura ou impura, Eu, pessoalmente devo agir como seu cohen (sacerdote). Eu a colocarei em reclusão como leprosa, e Eu a declararei pura.”

Miriam é também recompensada:

Após Miriam ter se recuperado da tsaraat (lepra) um milagre ocorreu. 

Quando Miriam foi acometida de tsaraat, ficou fatalmente doente. 

Mesmo depois que a lepra desapareceu, ainda estava muito doente. 

Seu marido Calebe, com grande auto-sacrifício, nutriu-a até que sua saúde se restabelecesse com alimentos e remédios apropriados. 

Quando se recuperou, a felicidade de Calebe era imensa, pois abandonara a esperança de que ela recuperasse plena saúde.

Ele realizou uma segunda cerimônia de casamento, como se estivesse casando com Miriam pela primeira vez. 

Um milagre transpirou: Miriam foi rejuvenescida e sua face tornou-se jovem e resplandecente, florescendo como uma rosa. 

Tanto Miriam quanto sua mãe Joquebede mereceram o milagre do rejuvenescimento como recompensa Celeste parcial por terem arriscado suas vidas quando, como parteiras no Egito, desobedeceram as ordens do Faraó para matar as crianças judias ao nascerem. 

Ao mesmo tempo que Miriam era punida, foi também recompensada. 

Durante os sete dias em que ela estava fora do acampamento, a nuvem do Eterno não se afastou do Mishcan (tabernáculo / tenda). 

Toda a nação esperou até que Miriam se juntasse a eles antes que a próxima jornada começasse. 

O Eterno recompensou Miriam da mesma maneira que ela agiu!

Quando era pequena, esperou por Moisés à beira do Nilo por cerca de um quarto de hora, até que a filha do Faraó o resgatasse das águas. 

Em troca, O Eterno fez com que uma população de mais de dois milhões de almas, incluindo Moisés e Arão, bem como as Nuvens de Glória e a Arca, esperassem por ela por sete dias.

Isto demonstra que mesmo a menor boa ação que a pessoa realiza será a seu tempo generosamente recompensada!  Se

LIÇÃO CHAVE EXTRAÍDA E APLICADA DESTE ESTUDO:
"Se O Eterno é tão rigoroso com Miriam, que ama o irmão e SÓ FALOU LASHON HARÁ PARA AJUDÁ-LO, quão mais severo será com alguém que FALA LASHON HARÁ INTENCIONALMENTE MAL INTENCIONADO!

Deuteronômio 24:9 "Lembra-te do que Yahweh, teu Deus, fez a Miriã no caminho, logo depois que saíste do Egito."

Graça e Paz

Pr. Thiago G. Sanchez

Nenhum comentário:

Postar um comentário