"Todos
quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está
escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no
Livro da lei, para praticá-las" (Gl 3.10)
Paulo
constantemente faz uso das expressões "obras da lei" e "sob a
lei". O intérprete deve tomar cuidado com estas expressões. De forma
alguma Paulo pode está dizendo que a prática de Torá (lei) traz maldição e tão
pouco que a Torá é maldita, obviamente. Pois, o mesmo Paulo diz que a Torá é
santa, justa e boa (Rm 7.12). Na verdade, este texto é uma exortação direta de
Paulo ao legalismo.
Mas, o
que é "legalismo"? Legalismo é a prática da Torá com fins de
justificação (salvação), sem fazer uso da fé no Messias e em sua obra no
madeiro, o que é um erro. A Torá nunca foi dada para salvar o pecador ela tem a
função de preservar o salvo no Messias. Como não existia a expressão
"legalismo" em grego, Paulo usa a expressão "sob a lei" e
"obras da lei" como sinônimos da prática legal a fim de se alcançar
salvação. Citarei um famoso hermeneuta cristão: "Os argumentos de Paulo em
Gálatas não eram contra a lei, mas contra o legalismo - essa perversão que diz
que a salvação pode ser obtida mediante a observância da lei...O legalismo nada
mais era do que a tentativa de ganhar a salvação mediante a guarda da lei"
(Virkler, Henry A. - Hermenêutica Avançada - Editora Vida - Pg. 109 - 1998 - 5º
Impressão).
Uma
pessoa que tenta se justificar unicamente pela prática da Torá estará sob
maldição. Por quê? Ao tentar se justificar pelas obras do Torá esta pessoa:
Primeiro: Nega a obra do Messias, pois ao confiar em si mesma para
justificação, nega-se a obra do madeiro. Segundo: Teria que praticar toda a lei
de forma correta, pois automaticamente ao quebrar um mandamento, estaria sendo
passível ao recebimento das maldições descritas na Torá aos que não cumprem
seus mandamentos. A não prática da Torá induz à maldição. Por isso Paulo
continua: "... é evidente que, pela Torá, ninguém é justificado diante de
Deus, porque o justo viverá pela fé [fidelidade]" (v.11).
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